SOBRE

Personagens do pós-abolição” apresenta, em diferentes formas, oito trajetórias de sujeitos sociais que, apesar de grandes contribuições para a História republicana do Brasil, tiveram suas vidas silenciadas, esquecidas ou não reconhecidas. Foram homens e mulheres marcados pela condição racial e de gênero que circularam por diferentes regiões, levantaram bandeiras antirracistas e atuaram na transformação das possibilidades de exercício da cidadania da população negra no Brasil. Em diálogo com bell hooks, suas trajetórias, olhadas em conjunto, podem ser pensadas como percursos de “transgressão” frente aos estereótipos associados ao passado escravista. E, como procuramos mostrar, não estavam sozinhos: suas trajetórias nos informam sobre projetos autônomos de grupos sociais negros que respaldavam e davam sentido a suas ações e agenciamentos políticos.

As trajetórias pessoais e políticas desses personagens marcaram de diferentes formas as primeiras décadas do Brasil República: João Cândido foi o líder da maior revolta da Marinha Brasileira; Juliano Moreira foi o médico responsável por uma verdadeira revolução no tratamento e na interpretação social das doenças mentais no Brasil; Monteiro Lopes foi o primeiro deputado federal negro eleito na Primeira República, em 1910; Eduardo das Neves tornou-se um dos expoentes da música popular brasileira, responsável pela ampliação da presença negra no mundo artístico. Ainda nas artes, Paulo Silva, professor emérito da UFRJ, sagrou-se como um dos grandes nomes na música erudita brasileira. Sua trajetória demonstra como a produção musical do Brasil foi original e diversa. Maria de Lourdes Vale Nascimento foi uma personagem que, assumindo sua condição de mulher negra, lutou pela construção de uma intelectualidade “de cor”, utilizando escritos jornalísticos como principal meio de afirmação racial e feminina. A liderança Luciana Lealdina de Araújo e a professora Maria Helena Vargas da Silveira, no Rio Grande do Sul, lutaram pela educação dos negros, impondo sua presença num estado que oficialmente negava a existência desta população.

As biografias dos personagens históricos selecionados trazem uma contribuição importante para o público em geral, para futuros professores de História e para os alunos da Educação Básica, pois nos permitem conhecer melhor a História do pós-abolição e do racismo no Brasil. As trajetórias dos personagens contribuem para o fortalecimento da Lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Africanas e Afro-brasileiras. Essa lei, ao problematizar o forte caráter eurocêntrico da disciplina História em nosso país, tem o potencial de promover a construção de uma prática docente que questione preconceitos e que se paute pelos princípios da pluralidade cultural e do respeito às diferenças. 

Para tanto, faz-se necessária a efetiva incorporação de novos conteúdos e procedimentos didáticos pelas escolas e por seus professores (as), como oferecemos neste site.  A ausência de memórias, histórias e personagens negras nas escolas e nos currículos dificulta a construção de identidades positivas negras, ao mesmo tempo que reforça memórias e histórias de outros grupos, constantemente vistos como superiores e determinantes na explicação dos processos históricos. A super-representação de alguns grupos nos currículos, frente à sub-representação de outros, impede a construção de uma perspectiva democrática no processo de formação de todos alunos e alunas.

Livros publicados (Niterói: EDUFF, 2020)

Álvaro Pereira do Nascimento

João Cândido, o mestre sala dos mares.

Amilcar Araújo Pereira

Paulo Silva, um contraponto nas relações raciais no Brasil.

Carolina Viana Dantas e Martha Abreu

Monteiro Lopes e Eduardo das Neves: Histórias não contadas da Primeira Republica

Fernanda Oliveira

Luciana Lealdina de Araújo e Maria Helena Vargas da Silveira: Histórias de mulheres
negras no pós-abolição do Sul do Brasil

Giovana Xavier

Maria de Lourdes Vale Nascimento: uma intelectual negra do pós-abolição.

“A gente só sabe o final quando encerra”: novas formas de ensinar e aprender histórias do Brasil republicano (org.)

Ynaê Lopes dos Santos 

Juliano Moreira: O médico negro na fundação da psiquiatria brasileira

INTEGRANTES

O grupo de historiadoras e historiadores responsáveis pelo desenvolvimento do projeto  e toda a equipe de colaboradores destacam-se pela  diversidade de gênero, raça, geração e inserção institucional. 

Pesquisadores

Álvaro  Nascimento, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ);  http://lattes.cnpq.br/8828847259602722 

Amilcar Pereira, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); http://lattes.cnpq.br/6346712809070450 

Carolina Vianna,  da Fundação Osvaldo Cruz (FioCruz);  http://lattes.cnpq.br/2652435011223789 

Claudielle Pavão, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e coordenadora pedagógica da Escola Municipal Jornalista e Escritor Daniel Piza; http://lattes.cnpq.br/4831043002895533

Fernanda Oliveira, do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); http://lattes.cnpq.br/2707940149001288 

Giovana Xavier, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);  http://lattes.cnpq.br/9883445785268500 

Martha Abreu, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense (UFF);   http://lattes.cnpq.br/0437999126739133 

Ynaê Lopes, do Instituto de História da Universidade Federal Fluminense (UFF). http://lattes.cnpq.br/9825396116792460 

Bolsistas

Mestrado

Pâmela Cristina Nunes de Carvalho, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

http://lattes.cnpq.br/5407210804684168 

 

Pós-Doc

Fernanda Oliveira, do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); http://lattes.cnpq.br/2707940149001288 

 

Iniciação Científica

Carolina Aguiar, do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

Vitor Paiva, do Instituto de História da Universidade Federal Fluminense (UFF) 

 

Programa de Educação Tutorial Conexões de Saberes Diversidade UFRJ

 Camille Tantow, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

 Carlos Vasconcellos, da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 Gabriela da Costa, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 Marlon Gama, do Instituto de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 Nayara Cristina dos Santos, do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 Niuani Mendes, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

 Paloma Nepomuceno, da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 Ricardo Lage, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

 Stéphane Marçal, da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

 Verônica dos Santos Magalhães, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

 Vitor Domingues, do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 Wickson Moreira, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

 

Assistentes de pesquisa

 Evelyn Beatriz Lucena, do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

http://lattes.cnpq.br/6202518990634818

 

Natália Peçanha, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). 

http://lattes.cnpq.br/4873086559634718

 

Nayara Cristina dos Santos, do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

http://lattes.cnpq.br/0478859153637642

 

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